por Maria Beatriz Dal Pont
A oliveira, a uva e o trigo são culturas milenares que parecem ter existido desde os primórdios, presentes na construção da civilização em diversas partes do mundo, como alimento, como símbolo e como gerador de riqueza dos povos.
Arqueólogos descobriram que a oliveira é uma planta originária do Cáucaso, uma região considerada a ponte entre a Europa oriental e a Ásia ocidental, localizada entre o mar Negro e o mar Cáspio. De lá se propagou pela Mesopotâmia, Palestina, Egito, Creta e depois pela Grécia e Itália.
O Código de Hamurabi, criado pelo rei da Mesopotâmia há mais de três mil anos, regulamentava as relações sociais, familiares, econômicas e legais, instituindo regras e punições severas àqueles que o desobedecessem. Nele, o azeite foi citado como produto integrante da economia e regras para sua produção e comércio eram estabelecidas.
O azeite de oliva já era produzido em quantidades industriais na Antiguidade. Achados arqueológicos em Pyrgos, uma vila situada na costa meridional de Chipre, mostram o mais antigo lagar para a fabricação de azeite de oliva, originário da Idade do Bronze. Com um sistema de prensas demonstra que Chipre possuía, mais de mil anos antes da Era Cristã, um conhecimento tecnológico e um processo muito similar ao utilizado na Itália até a década de 50 (século XX).
Os gregos atribuíam à oliveira origem divina e a utilizavam também de modo simbólico. Existem muitas lendas sobre a origem da oliveira e do azeite: uma das mais famosas está esculpida no frontão do Partenon e narra uma disputa entre Posseidon e Atenas pela posse da Acrópole. Zeus dá um fim à disputa entre os dois, dizendo que venceria aquele que criasse algo de útil à humanidade. Posseidon, o Deus dos Mares, faz surgir da floresta um novo animal, um estupendo cavalo; Atenas faz nascer das vísceras da terra uma nova planta: a oliveira. Zeus não teve dúvidas: o cavalo servia à guerra, a oliveira, à paz. Venceu Atenas. A planta permanece, assim, fortemente ligada à Atenas, tanto que, na antiga Grécia, nos jogos que eran realizados em sua honra, os vencedores recebiam como prêmio uma ânfora cheia de azeite de oliva proveniente do olival consagrado à deusa. Os heróis mitológicos que tinham suas armas fabricadas com madeira de oliveira eram considerados invencíveis.
Nos Jogos Olímpicos, realizados a partir de 776 a.C., galhos de oliveira eram dados como prêmio aos vencedores, como símbolo da paz.
Na Bíblia, a oliveira e o azeite possuem significados simbólicos importantes. Além de ser a base da dieta do povo judeu, era item forte na economia, fornecia combustível para a iluminação, era usado nas cerimônias sagradas de unção, na medicina, na higiene pessoal e na fabricação de cosméticos.
Os etruscos foram grandes cultivadores de oliveiras, mas foi no Império Romano que o azeite se tornou um pilar da economia. Olivais foram expandidos por todo o império, pelo Norte da África, pela Península Ibérica e pelo Sul da França. A tecnologia de produção de azeitonas e extração de azeite foi aprimorada.
Com as invasões bárbaras, caiu o Império Romano e, com isso, as oliveiras cultivadas em grandes extensões foram abandonadas e voltaram ao estado selvagem. O produto tornou-se escasso e passou a ser cultivado por pequenos produtores.
Com a descoberta da América, em 1492, o cultivo da oliveira se expandiu para o continente americano. Em 1560, já havia olivais no México e, a partir dessa época, o cultivo declinou devido aos altos impostos cobrados pelos conquistadores espanhóis.
De 1700 em diante, a produção de azeitonas e de aceite se expandiu na Itália por incentivos fiscais do governo, estudos e pesquisas. A qualidade do azeite italiano melhorou muito e ganhou fama no mundo inteiro.
Atualmente, existem cultivares e azeites em quase todo o mundo, mas a maior produção está ainda na Bacia do Mediterrâneo, sendo a Itália, a Espanha e a Grécia os maiores e mais tradicionais produtores.
No Brasil, o cultivo intensivo de oliveiras para produção de azeite iniciou nos anos 2000, em São Paulo, Minas Gerais e no Rio Grande do Sul com o apoio da Empresa Brasileira de Agropecuária (EMBRAPA), já existindo no mercado nacional algumas marcas em comercialização.
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