por Gabriela Rossetti
(conteúdo publicado na Revista Terroir Boccati Ediçao 02 – Inverno )
Com carisma, simplicidade e dedicação, o francês François Hautekeur percorre o país da cerveja e da caipirinha com a missão de estimular o consumo de espumantes, divulgar as marcas do grupo LVMH (Möet Hennessy Louis Vuitton) e ensinar aos brasileiros o serviço, o consumo e o prazer dos vinhos.
PERFIL DE FRANÇOIS HAUTEKEUR:
Naturalidade: Lille – Norte da França
Formação: Engenheiro Mecânico e Enólogo
Atuação Profissional: Gerente de Comunicação Enológica da Möet Henessy
François Hautekeur desembarcou no Brasil graças a uma mineira que conheceu na França e conquistou seu coração. Após uma jornada de quase nove anos na Maison Veuve Clicquot, em Reims, no solo francês, o enólogo foi nomeado Gerente de Comunicação Enológica do Brasil, cargo em que atua desde 2013.
Com responsabilidade de comunicação e treinamento a respeito do espumante natural Chandon, François tem como principal missão divulgar o conhecimento pedagógico acerca dos métodos de elaboração, dos processos enológicos e das técnicas de degustação e harmonização desse vinho tão especial.
Engana-se quem pensa que François sempre trabalhou no universo dos vinhos. Durante oito anos ele atuou no ramo da engenharia. Aos 25 anos de idade passou a organizar jantares em sua casa e harmonizava os vinhos com os pratos servidos. Pôde então perceber que o vinho era não somente uma bebida que agradava seu paladar, como também era interessante de um ponto de vista científico e técnico.
Em 2001, decidiu partir para uma carreira radicalmente diferente. Segundo ele, quando se é diretor de qualidade da Pirelli (empresa do setor pneumático), não é evidente tornar-se enólogo. Mas a vontade e motivação em adentrar nesse universo lhe deram força para ultrapassar todos os obstáculos. Seguindo sua paixão pelo vinho, recebeu seu diploma nacional de enólogo da Universidade de Toulouse, em 2003.
No ano seguinte, François ingressou na Maison Veuve Clicquot, como enólogo do departamento de Comunicação de Vinhos. Fez parte do comitê de degustação presidido pelo chef de cave Dominique Demarville, tomando parte ativa na criação dos melhores assemblages.
Hoje, François Hautekeur tem a missão de difundir por todo o Brasil as marcas de espumantes, champagnes, vinhos tranquilo e destilados do grupo francês, LVMH, o primeiro grupo de luxo do mundo. Mesmo acreditando que a proporção de espumantes continuará crescendo, acredita e afirma que a próxima tendência de consumo e vendas ficará nos vinhos rosés.
Para o futuro, tem planos de um dia voltar para França, até porque sua esposa é ainda mais apaixonada que ele pelo país.
A descoberta no mar báltico
O acontecimento mais marcante na trajetória profissional de François foi a descoberta das garrafas de Veuve Clicquot no mar báltico em 2010. Ele foi nomeado pela Maison para gerenciar o dossiê técnico e midiático das garrafas de Veuve Clicquot encontradas no Mar Báltico, o que lhe permitiu degustar todas as 47 garrafas que estavam submersas desde o século XIX.
Após a descoberta, a operação de resgate e a recuperação de cada garrafa que estava no fundo do mar tornaram-se um grande desafio técnico. Foi necessário produzir ajustes para gerir a pressão e as mudanças de temperatura para que o conteúdo do champagne não fosse afetado.
O consumo de vinhos
Sobre o consumo de vinhos e espumantes no Brasil, François entende que apesar de crescer a cada ano, ainda há muito trabalho a ser feito no país.
“No Brasil, as pessoas são muito curiosas e querem aprender sempre mais. Por isso estou aqui para ensinar tudo o que eu conheço sobre vinhos. Os brasileiros são muito fãs de espumantes, mais que na França”.
Quando comparado ao cenário europeu, as diferenças do consumo de vinho são bastante evidentes. O brasileiro consome em média 2 litros de vinho por ano. Quando falamos do francês, esse número sobe para 50 litros.
Segundo François, essa diferença é cultural e mesmo que o brasileiro aumente o consumo de vinho, nunca vai consumir tanto quanto na França. Inclusive, o enólogo lembra de uma cena que o deixou bastante intrigado quando veio ao Brasil: “a primeira visão que me chocou foi todo mundo bebendo cerveja com a melhor carne de boi numa churrascaria de alto nível. Na França, isso eu nunca tinha visto”, relembra.
Apesar das diferenças de consumo, existem pontos em comum entre os dois países. O principal, segundo François, é o gosto pelo luxo, também quando se trata de vinhos.
François já teve experiências únicas relacionadas aos ícones do mundo do vinho. Dentre elas, a oportunidade de degustar algumas safras do Krug Clos Du Mesnil, Chateau Cheval Blanc 1994 e a que o emocionou mais que qualquer outra: degustar o champagne encontrado no mar báltico, feito pela senhora Veuve Clicquot há mais ou menos 180 anos.
Personalidades do mundo do vinho que inspiraram François
Existem três pessoas que o enólogo admirou, admira e sempre admirará.
Pierre Casamayor – Em sua carreira acadêmica, lecionou climatologia e análise sensorial no curso de degustação ao Diploma Nacional de Enólogo da Universidade Paul Sabatier de Toulouse. Sua posição de professor o abriu portas para escrever muitos livros sobre degustações e vinhedos do sul da França.
Pierre Lurton – Enólogo e palestrante, possui um dos currículos mais invejados do mundo do vinho. É membro de uma das famílias com maior tradição em Bordeaux e CEO do Château Cheval Blang.
Dominique Demarville – Chefe de Caves da Veuve Clicquot, é admirado devido ao seu incomparável talento e humildade.
Para vocês, leitores da Terroir Boccati, François deixa um recado:
“Experimentem todos os vinhos que podem, buscando o seu prazer sensorial, com ou sem comida. Nada melhor que uma taça de espumante para abrir o apetite antes de uma refeição”.
Dica: Para descobrir o melhor dos nossos espumantes e champagnes, não os sirvam a uma temperatura menor que 6ºC.