Alessandro Farnece (1468-1549), o papa Paulo III, era um homem de muitas fases. Homem forte, culto, filho de uma ilustre família do Lazio, quando jovem, viveu intensamente. Teve vários filhos sem casar, deles reconhecendo só três: Paolo, Pier Luigi e Constanza tidos com Silvia Ruffini, que diziam ser uma mulher “mal falada”. Mas, eleito papa, transformou-se completamente. Convocou o Concílio de Trento, uma reunião que congregou os mais importantes dirigentes da Igreja Católica, para discutir as medidas a serem tomadas com relação ao surgimento do movimento protestante. Criou a Congregação do Índex, uma lista de livros que eram proibidos a todos os praticantes do catolicismo. Decameron de Boccaccio, e o Elogio da loucura de Erasmo de Roterdã, entre outras obras conhecidas, figuravam nessa lista. O papa só não perdeu seu gosto pelos prazeres de uma boa mesa.
Sua cozinha era apontada como uma das melhores da Renascença e foi dirigida por chefes renomados como Bartolomeo Scappi e Giovanni de Rosselli. Durante seu pontífice, contou com os serviços de um bottigliere, chamado Sante Lancerio. O Vino Rosso Scelto di Montepulciano era o vinho favorito de Paulo III. Lancerio aperfeiçoou seu conhecimento percorrendo vinhas e fazendo anotações e, após sua morte, tudo foi lançado no livro I vini d’Italia: Giudicati a papa Paolo III e dal suo bottigliere Sante Lancerio.
Também o papa João Paulo II – o carismático polonês Karol Wojtyla (1920-2005) – revelou-se um grande apreciador e profundo conhecedor de vinhos. Durante um congresso de enólogos em Roma, no ano de 1984, o papa falou para mais de mil especialistas de todo o mundo. Embora não declarasse a preferência por um vinho em específico, sabia-se que gostava da bebida nas refeições.