por Carolina Rizzon (nutricionista)
(conteúdo publicado na Revista Terroir Boccati Edição 03 – Primavera)
A primavera é um período de extrema riqueza, nutrindo os olhos pelas suas belezas e nossa saúde através de uma variedade de alimentos que a natureza, muito sábia, nos oferece, ricos em líquidos nutritivos e água, para suprir o aporte necessário de hidratação do nosso corpo.
Nessa estação, somos contemplados também com a beleza das flores, entre as quais, muitas são comestíveis. No pólen encontram-se as proteínas, nas pétalas, antioxidantes e no néctar o açúcar natural destas belezas.
A alimentação deve ser baseada em um conjunto amplo e rico de diferentes alimentos, não existindo alimento bom ou ruim, mas todos devem ser ingeridos com cautela. Em 1937, um médico argentino criou as 4 Leis da Alimentação que, ainda hoje, vigoram. Elas tratam sobre: quantidade, qualidade, harmonia e adequação. Vou explicá-las separadamente:
Lei da Quantidade (número e porções de alimentos que são consumidos durante o dia): destaca que exageros e restrições não resultam em bons parceiros da saúde. Cada organismo possui uma necessidade.
Lei da Qualidade: relaciona-se ao alimento que está sendo ingerido, como produção, composição, armazenamento, validade e forma de exposição à venda, características intrínsecas (nutrientes) e organolépticas (apresentação, sabor, odor, textura), específicas de cada alimento.
Lei da Harmonia: uma das mais importante e menos praticada; a variedade, o equilíbrio! Isso mesmo, não existe “alimento herói”. Nosso organismo necessita de diferentes fontes de energia para promover nossa saúde.
Lei da Adequação: cada ser humano encontra-se em um ciclo de vida, com diferentes necessidades em cada fase. Além disso, cada pessoa tem sua rotina, seus hábitos, suas preferências e cultura, às quais devem ser respeitadas.
Vistas essas leis incríveis e simples, devemos ter cautela com cada escolha que fizermos, pois irão implicar em nossa saúde e em nosso cotidiano (alimentação interfere no humor). Ademais, a sabedoria da natureza nos entrega os tipos de alimentos que necessitamos em cada estação, conforme as características de cada região. Podemos comparar aos terroir das uvas, que interferem na sua composição, gerando diferentes características na fruta e nos produtos a partir dela manipulados.
Na primavera podemos encontrar:
Frutas: Jabuticaba (propriedades funcionais como a antocianina – previne doenças cardiovasculares, envelhecimento precoce e câncer) e minerais como o cálcio, potássio e o magnésio). A ameixa, o mamão, o pêssego, ricos em fibras e demais nutrientes. Ameixa do mato, fruta saborosa e rica em nutrientes, agindo na hidratação do seu organismo. Ameixa (trepadeira), morango, amora, nêspera, phisalys, banana.
Hortaliças: Abobrinha, chuchu, espinafre, repolho roxo, beterraba, ervilha fresca, agrião, alface, berinjela, rúcula, cenoura, pimentão, radicci, hortelã, manjericão.
Flores comestíveis e demais Plantas Alimentícias Não Convencionais*: cravina, brinco de princesa, ipê amarelo e roxo, serralha, trevos (folha e flores), almeirão, cereja japonesa, pitanga, hibisco, beijo turco.
*Para ingestão das Plantas Alimentícias Não Convencionais, como as flores, devemos conhecer onde foram produzidas para termos a certeza que não possuem nenhuma forma de contaminação, como produtos químicos, redes de esgoto, excesso de poluição e excrementos de animais que poderão estar presentes nas plantas e trarão prejuízos à saúde. As flores compradas em lojas de jardinagem/floriculturas, antes de serem consumidas deverão ser replantadas em outra terra (sem componentes agroquímicos) e consumidas apenas a sua segunda floração – não a floração que já vem da loja.