A mais conhecida e explorada região brasileira é a do estado do Rio Grande do Sul. As tradições nasceram ali e muitas das inovações também, favorecidas pela imigração italiana do final do século XIX, que trouxe consigo as uvas europeias e os métodos de produção. Infelizmente, no entanto, o clima e o solo do estado não favoreceram, naquela época, a produção das uvas finas, logo substituídas pelas uvas americanas ou híbridas. Ainda assim, alguns produtores persistiram e resistiram e novas terras foram sendo exploradas, até que lentamente e por uma série de fatores as uvas viníferas começaram a ganhar qualidade e espaço nas plantações.
Atualmente, o Rio Grande do Sul é uma macrorregião que pode ser dividida em quatro regiões:
1- Campos de Cima da Serra, perto da cidade de Vacaria no norte do estado, com altitudes e clima frio mais parecido com Santa Catarina do que com o restante do Rio Grande do Sul. Essa região vem sendo explorada recentemente e seu clima auxilia a produção de uvas que apreciam o frio, como a Sauvignon Blanc e a Pinot Noir;
2- A grande região da Serra Gaúcha, que engloba importantes sub-regiões, entre elas a mais famosa do país, o Vale do Vinhedos, as cidades de Garibaldi, Farroupilha, Bento Gonçalves e seus muitos distritos, e Flores da Cunha;
3- Serra do Sudeste que tem no município de Encruzilhada da Serra o ponto de encontro de muitas áreas de produção de uvas, pertencentes a empresas importantes como a Chandon, a Casa Valduga e a Vinícola Angheben, entre outras;
4- Campanha Gaúcha, uma enorme área de divisas, cuja produção de uvas e vinhos está hoje concentrada nas cidades de Bagé, no leste do estado, e em Dom Pedrito e Santana do Livramento, no oeste, com um clima que favorece as uvas que necessitam de longa maturação e aquelas que apreciam verões mais secos, como a Tannat, por exemplo.
O Rio Grande do Sul possui enorme O Rio Grande do Sul possui enorme variedade de climas e de geografia, que favorecem vários tipos de uvas e a produção de muitos estilos de vinhos. Uma de suas principais vantagens é estar próximo (e a Campanha está praticamente dentro) dos paralelos mais bem estudados para o cultivo das vinhas. No entanto, mesmo em áreas bem conhecidas, a diversidade é uma constante. Quem explica é o enólogo Daniel dalla Valle, da Casa Valduga, que também é diretor técnico da Associação dos Produtores do Vale dos Vinhedos, a Aprovale: “A parte da Serra do Sudeste é um dos melhores climas do estado, pois é quase uma planície, com pequenas ondulações, bem arejada e com boa drenagem de solo. O único inconveniente da região é que ela é sujeita a longas estiagens, quando é preciso irrigar as plantas que podem entrar em stress hídrico. Já no Vale dos Vinhedos, o clima é de montanha, com alta umidade e insolação menor. No entanto, é uma área explorada há mais de 100 anos, que já se adaptou ao que nós determinamos e nós nos adaptamos às suas características. Sabemos quais os melhores clones e porta-enxertos, sabemos quais as melhores cepas e como tratá-las. No Vale, que está para se tornar a primeira Denominação de Origem brasileira, está o nosso terroir mais conhecido”, conta o enólogo.
Entre pequenos e grandes
A Serra Gaúcha concentra em suas diversas subregiões as vinícolas mais importantes do país e também os terroirs mais estudados. É por conta disso que dela fazem parte as duas Indicações de Procedência já aceitas pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Esse certificado indica que as duas IPs (do Vale dos Vinhedos e do distrito de Pinto Bandeira) seguem normas que regulamentam a produção dos vinhos e os cuidados com a plantação.
“Estamos em processo avançado de obtenção das IPs da região de Flores da Cunha e Nova Pádua (através da Associação dos Altos Montes) e de Monte Belo do Sul (que congrega três municípios), cujos pedidos devem ser entregues ao INPI ainda neste ano, e estamos trabalhando fortemente com a Associação dos Produtores de Farroupilha para obter uma Indicação para os Moscatéis produzidos por lá, que têm características próprias desse terroir” conta o dr. Jorge Tonietto.
Fonte: Revista Adega