(conteúdo publicado na Revista Terroir Boccati Edição 09 – Outono)
Por Rodrigo Webber
Antes do vinho em si, vamos conhecer um pouco sobre a história das primeiras videiras e de seu cultivo. Indícios encontrados, como sementes de uvas, apontam que as primeiras vinhas do mundo localizavam-se na Geórgia, na região do Cáucaso, entre os anos 7000 e 5000 a.C., ainda na Idade da Pedra. Acredita-se que esses são os primeiros registros do cultivo de forma organizada pelo homem.
Sobre a origem do vinho, existem diversas versões que descrevem o surgimento da bebida. Portanto, não se pode apontar exatamente onde e quando ocorreu. Possivelmente, tenha nascido de forma natural e sua descoberta tenha ocorrido por povos distintos, em épocas diferentes.
Embora os registros dos primeiros equipamentos para a produção de vinho, como ferramentas utilizadas para prensar as uvas, tenham sido encontrados por volta de 4000 a.C., na Armênia, historiadores acreditam que já houvesse produção de vinhos antes dessa época. Já as ânforas¹, surgiram por volta de 1500 a.C., sendo utilizadas para armazenar e transportar os vinhos. Mesmo com o surgimento das barricas, nos anos 200 d.C, as ânforas ainda são utilizadas por alguns produtores atualmente.
A história do vinho está diretamente ligada à cultura dos povos e até mesmo à religião. Os fenícios, conhecidos como Povos do Mar, foram responsáveis pela multiplicação das vinhas por diversas regiões da Europa. No Egito, por exemplo, levaram as videiras através do rio Nilo. Os egípcios podem não ter sido os primeiros a fazer vinhos, mas certamente foram os primeiros a registrar a vinificação em suas pinturas.
Os egípcios foram os percursores do povo grego, levando também a cultura dos vinhos para eles. Mais tarde, os gregos cruzaram o mar e fundaram diversas cidades na Itália, principalmente na Região Sul. Na época, com a expansão da cultura grega, a Sicília era conhecida como “a Magna Grécia”, também chamada de Oenotri”, a terra dos vinhos. Mais ao norte, os etruscos² habitavam a região onde se localiza a Toscana e também produziam vinhos, comercializando-os na Gália e, provavelmente, também na Borgonha. O Império Romano teve grande influência sobre a viticultura e ajudou a fortalecer a cultura dos vinhos em países muito tradicionais na produção de vinho hoje em dia, como a França, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha.
A origem dos vinhos na França divide a opinião dos historiadores, alguns acreditam que os responsáveis foram os romanos, outros acham que foram os antecessores dos celtas e também há os que acreditam que os franceses da Idade da Pedra já eram vinhateiros, pois no Lago de Genebra foram encontradas sementes de uvas selvagens há pelo menos 12.000 anos.
O Império Romano teve como ponto de partida na França a região da Provence, subindo o Vale do Rhône e mais tarde chegando à região de Bordeaux. Bordeaux, Borgonha e Tréveris, provavelmente se estabeleceram como centros de importação de vinho, plantando a seguir as suas próprias videiras e obtendo vinhos que superaram os importados anteriormente.
Expedições colonizadoras europeias foram responsáveis por levar as vinhas e os vinhos a outros continentes, denominados no vocabulário do vinho como o “Novo Mundo”. No Brasil, as primeiras videiras chegaram em 1532, trazidas pelo português Brás Cubas, sendo ele considerado o primeiro vinicultor em solo brasileiro.
Relatos indicam que essas videiras foram plantadas no litoral paulista, mais precisamente onde hoje é localizada a cidade de Cubatão (SP). Porém, depois, enfrentaram muitas adversidades de clima e solo e somente no ano de 1551, após mudar as vinhas para a região do Planalto Atlântico, conseguiram enfim elaborar o primeiro vinho em terras brasileiras.
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¹Grandes vasos de argila utilizados para a produção de vinhos.
²Povos que ocupavam a Península Itálica (atual região da Toscana, na Itália)no período aproximado de 1200 a 700 a.C.