Maria Beatriz Dal Pont: a Dama do Azeite

por Camile Calza

(conteúdo publicado na Revista Terroir Boccati Edição 05 – Outono)

Muitas são as mulheres que se destacam, por isso resolvi ampliar horizontes em minhas páginas, Mulheres do Vinho agora é Elas. Conversarei não só com àquelas das vinhas, mas também, com as que fazem bonito na gastronomia, na cultura e na arte. E, para começar com chave de ouro… Maria Beatriz Dal Pont.

A Bea pode ser considerada uma grande presença feminina na gastronomia e, principalmente, no mundo dos azeites. É dona de um currículo admirável (poderia escrever várias matérias sobre ela), foi docente da Universidade de Caxias do Sul por 30 anos, atuando inclusive na Pró-Reitora de Pesquisa e Extensão. É a autora do projeto de implantação da Escola de Gastronomia UCS-ICIF, sendo diretora de 2002 a 2008. E não para por aí, ela ainda atuou na gestão de cursos internacionais. Inquieta, entusiasmada e determinada, Bea faz a diferença por onde passa!

A Paixão pelas Oliveiras

Bea começou sua relação com os azeites de oliva extravirgem na Itália, quando estava iniciando o projeto da Escola de Gastronomia da UCS, em 2000. Foi amor à primeira vista. Assim, desde 2006, vem fazendo diversos cursos na área, sendo a primeira sommelier de azeites do Rio Grande do Sul, com formação internacional e certificação de proficiência técnica em degustação de azeites.

Hoje, atua na OLEA: Azeites e Experiências, onde faz um trabalho de consultoria, divulgação de produtos, curadoria de conteúdo, além de ministrar palestras e cursos de degustação de azeites. Também, participa de um grupo de degustação com diversos profissionais gaúchos e, organiza visitas guiadas a produtores de azeitonas e azeites do estado.

“O mercado de azeites no Brasil é muito promissor e está em crescimento. Temos um produto de alta qualidade e competitivo, que a cada dia conquista mais consumidores”

Com isso, sua profissão, sommelier de azeites, faz-se necessária para a indústria. Ainda é pouco conhecida, porém, como Bea mesmo exemplifica, se pararmos para pensar, o sommelier de vinhos também era há uns 15 anos e agora tem forte reconhecimento no setor vitivinícola. Ela acredita que com o azeite, acontecerá o mesmo.

Tal mãe, tal filha

Foi em sua marcante atuação na UCS que Bea chegou à gastronomia. Hoje, não atua mais na cozinha, mas lá divide bons momentos ao lado da filha Carolina Branchi, que é chef. Bea e Carol trabalham juntas há quase seis anos como sócias no Amada Cozinha Café & Cucina, aqui em Caxias do Sul. “A experiência é muito valiosa, cresci e aprendi muito com ela, e o melhor…dá certo”, diz Bea. Embora o dia-a-dia seja tocado pela filha, ela continua criando pratos e pesquisando sobre sabores e alimentos, algo que ama fazer.

+ sobre a Bea

Quem conhece sabe, a Bea é criativa, curiosa e extrovertida. Está sempre atrás de conhecimento, não é à toa que em suas horas vagas goste de uma boa leitura. E é claro… É uma apreciadora de vinhos, gosta de degustar, de conhecer e de combinar vinhos e comidas. Assim como os azeites, atualmente desfruta mais de rótulos brasileiros, principalmente gaúchos. Ela acredita que as pessoas, em geral, conhecem pouco do que aqui se produz, que aliás, tem muita qualidade. “É hora de experimentar nossos produtos e dar força para nossos produtores”, ressalta.

E para o futuro, o que a Bea deseja? Muita saúde e companhia da família para realizar seus sonhos. Sua satisfação será continuar disseminando a cultura do gosto através de suas atividades profissionais, escrever mais alguns livros e ver o Brasil valorizar a educação e os professores.

Sempre buscando compartilhar conhecimento, Bea fez parte do desenvolvimento da nossa Coleção Enogastronômica Boccati e é autora dos livros Azeite de Oliva e Vinagre Balsâmico e Cozinha da Serra Gaúcha (Ambos disponíveis em www.boccati.com.br). Também, escreveu Nós amamos grãos: propriedades, usos e receitas regionais.  Foi colaboradora no livro Vinho Nacional, de Roberta Malta Saldanha e é articulista em revistas da Serra Gaúcha.