Vinho do Porto: a história

por Aline Graeff Broetto

Oi, Leitor! Tudo bem?

Hoje venho ao Blog Terroir Boccati falar sobre o Vinho do Porto, porque hoje é dia dele – Dia Mundial do Vinho do Porto 😀

Em 2019 visitei o Porto e fiquei encantada com a beleza e a história do lugar. Eu sou apaixonada por criatividade – e por formas criativas de resolver problemas – e a criação do Vinho do Porto é um pouco isso: uma solução de um impasse importante na economia do local, naquela época.

A verdade é que o vinho do Porto é, possivelmente, um dos produtos mais conhecidos de Portugal e é reconhecido como uma herança cultural e histórica da região. Assim, Vinho do Porto é usado também como uma importante ferramenta para levar milhares e milhares de turistas para Portugal e para difundir a história do país por todo o planeta.

Como começou?

O começo da produção vinícola em Portugal está datada há centenas de anos – registros mostram tonéis e outros itens utilizados na produção do vinho de meados do séculos III na região. Porém a história do Vinho do Porto teve início registrado em torno da metade do século XVIII.

Nesse mesmo período, a Inglaterra aumentou significativamente a quantidade de importações do vinho português. A venda dessa bebida aumentou e os consumidores se animaram por produtos mais finos.

Como na Europa Antiga, os países estavam em constante atrito e um dos embates mais famosos e demorados foi justamente entre França e Inglaterra – uma bela vantagem para Portugal.

Com a relação entre esses dois países abalada, Portugal conseguiu consolidar o seu vinho no mercado internacional, exportando-o para a Inglaterra e garantindo o seu lugar entre os vinhos mais desejados do Velho Mundo.

Mas como surgiu o Vinho do Porto como é hoje?

Depois de se desentenderem comercialmente com os franceses e tendo passado a ancorar na cidade do Porto, começaram a comprar vinhos locais, que na época eram secos. Porém, a viagem de volta ao seu país era longa e acabava estragando os vinhos. Assim, foi necessário encontrar uma solução para conservar melhor a bebida.

Dois irmãos resolveram adicionar aguardente vínica àquele vinho, para evitar que ele oxidasse antes do fim da travessia. A safra de alguns anos depois foi de uvas com uma concentração de açúcar muito elevada, e, consequentemente, o vinho produzido com elas contava com um considerável teor de açúcar residual. Naquele ano, a adição de aguardente acabou resultando em um vinho agradável aos seus paladares e, com isso, teria surgido a ideia de se adicionar álcool durante a fermentação, provocando a interrupção do processo e a consequente manutenção da doçura da bebida. Assim nascia o vinho do Porto.

As características do Vinho do Porto

A elaboração do Vinho do Porto é diferente dos vinhos “tradicionais”.

Primeiramente, porque ele é produzido com uma combinação de várias uvas distintas, 100% provenientes da região do Douro. As principais variedades de uvas são: Touriga Nacional e Tinta Roriz, porém muitas outras podem ser usadas.

Até o processo de fermentação, a elaboração do vinho do Porto é igual à dos vinhos tradicionais secos. Como o Vinho do Porto é mais doce, precisamos manter uma parte do açúcar natural das uvas. Para isso, na metade da fermentação, se adiciona álcool exógeno no vinho, o que aumenta o grau alcoólico de aproximadamente 6% para até 23%.

Este processo, chamado fortificação, é quando as leveduras param de consumir o açúcar, por isso percebemos a delicada doçura presente na bebida e também a intensidade do álcool.

O mercado

Os britânicos sempre foram os maiores consumidores do vinho do Porto – tanto é que em 1703, Portugal e Inglaterra assinaram o “Tratado de Metheun” – determinando que os ingleses dariam preferência ao vinho português em relação ao francês.

Em meados do século XVIII, as exportações de vinho do Porto passaram por um período de crise, por conta de adulterações na bebida. A situação foi resolvida, em 1756, com a criação da “Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro”, órgão que conseguiu reestabelecer a qualidade do produto. Já no ano seguinte, Marquês de Pombal determinou a delimitação das principais áreas vitivinícolas do Vale do Douro. Dessa forma, o vinho do Porto – com essa denominação – somente pode ser produzido na Região Demarcada do Douro.

 

Tipos de vinho do Porto

Os vinhos de variedade Ruby mantêm a cor avermelhada sempre intensa e o aroma frutado é bem predominante. Eles têm grande potencial de envelhecimento, que permite que seus sabores fiquem muito mais acentuados e marcantes ao longo da evolução.

Os vinhos Ruby têm pouco contato com barricas de madeira e assim, as características sensoriais dele são preservadas de maneira mais pura.

Vinho do Porto Messias Ruby 750ml

Este rótulo harmoniza bem com sobremesas, especialmente com chocolate dos trufados ao mais amargos, queijos maturados, é ótimo também para finalizar uma refeição.

 

A variedade Chip Dry é feita a partir de uma seleção de vinhos do Porto brancos secos, produzidos a partir de uvas cultivadas na zona Este do Vale do Douro. Embora se utilizem diferentes variedades de uvas brancas, a Malvasia Fina é a que predomina.

O Chip Dry é produzido utilizando o método tradicional de vinificação para os vinhos do porto, porém a aguardente vínica é adicionada mais tarde, quando a maioria do açúcar já se converteu em álcool, produzindo, assim, um porto de uma secura pouco comum.

Vinho do Porto Taylor’s Chip Dry 750ml

Esta é uma ótima opção para harmonizar com petiscos, amêndoas salgadas, presunto cru, sardinha assada, ou apenas aperitivo. Também é usado para fazer um coquetel refrescante num copo de long drink com gelo, água tónica e uma folha de hortelã.

 

O Vinho do Porto Vintage só pode ser elaborado em safras muito especiais e com aprovação do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto.

Nos barris, o período de envelhecimento é relativamente curto e muito semelhante ao Porto Ruby. O grande diferencial destes vinhos é seu potencial de evolução em garrafa, podendo ultrapassar 50 anos para atingir seu ápice.

 Vinho do Porto Duorum Vinha de Castelo Melhor Vintage 2009 375ml

Este rótulo é um vintage bem elaborado, carregado de fruta e muito bem estruturado. Está apto para o consumo, mas possui grande potencial de guarda. Harmonize com sobremesas a base de chocolates e queijos azuis, também pode ser degustado como pós refeição.

 

Nos vinhos do Porto Tawny, a doçura e concentração alcoólica são idênticas ao Ruby. A diferença aqui está nos detalhes. Apesar de ser envelhecido nos mesmíssimos barris que o seu irmão Ruby, o Tawny é mantido nos recipientes de madeira por mais tempo, podendo ultrapassar décadas, em casos especiais.

 

Vinho do Porto Churchill Graham Tawny 10 anos 500ml

Um belo Porto Tawny com 10 anos, possui a complexidade da idade, mantendo um pouco da frescura e acidez da juventude. Harmonize com sobremesas como torta de nozes, mousse de chocolate, queijos curados, doces portugueses (harmonização regional)

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